domingo, julho 19, 2009

Um menino à janela (Para M.T.)

Eu vi um menino apoiando o queixo sobre o braço, sobre a janela
Olhar perdido, esperançoso contemplando o céu azul.
O que ele queria? voar talvez. Ícaro sem asas ele era,
O menino que eu vi olhando o mundo da janela semi-cerrada.

Uma mão sua repousava sobre o queixo, a outra descansava o peso do mundo
Sobre os cabelos penteados lateralmente.
O que ele queria? sonhar talvez, viver num mundo diferente
Daquele a que seus olhos de leve melancolia presenciaram até hoje.

Há uma idade em que o vento leve sobre as faces é furacão
E que a ventania é uma pluma tocando leve os corações puros.
Eu vi o rosto daquele menino e fui tocado pela beleza da composição que ele, distraido, criou.
O que ele queria? poetizar talvez, sem saber, a alma de quem o via.

Que olhar era aquele, meu Deus, que inspiração o levara a ele,
Que indecisão, que dor escondida na alma daquele menino que eu vi um dia?
Não sei, mas o rosto levemente inclinado para cima,
Sem os traços dos anos, verde em folha, suave como o passarinho que quer voar
Quando as asas ainda não sabem fazê-lo, me encheu de uma nostalgia, uma saudade tão grandes Do tempo em que era eu um menino que contemplava o céu da janela
Pensando, sonhando, sorrindo como esse menino, à janela, que eu vi um dia.



2 comentários:

Ventura Picasso disse...

lembrei de um verso: "Eu vi um menino correndo eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino, eu pus os meus pés no riacho. E acho que nunca os tirei".
É muito legal quando uma poesia aciona outra.

Déia Poeta disse...

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