terça-feira, abril 11, 2006

Suspiros

Eu sou a folha nua, despida
À qual o vento tortura;
Sou as ervas do campo
- indesejadas
Às quais ninguém procura.

Vês as aves no céu?
- em breve perderão as asas!
Ouves os pássaros nos ninhos?
- abandonarão seu canto!

Eu sou a tristeza, sou a dor
De quem veio ao mundo
Pra te ver, e não teve seu amor;
Sou o proscrito, o imundo;
Sou o pranto, o rejeitado, o dissabor.

Sou as horas sombrias, geladas,
As noites de frio e os desertos;
Sou as cidades abatidas, saqueadas,
E a desesperança de quem perdeu a fé.
Eu sou o luto e a dor da perda

De alguém que nunca tive.

domingo, abril 09, 2006

D..... N....

A ti
Cujo rosto não vejo
Cujos olhos não olho
Cujos lábios não beijo
Cujas mãos não toco
De quem não sinto o perfume.

A ti
Cujo lindo semblante
Preciso de ver;
De quem sou amante
Sem ter um porquê
E nem mesmo um instante
Que me faça rever
Os doces momentos na memória.

A ti
A quem tanto desejo
Por quem tanto suspiro
Por cuja causa me perco
Por quem desatino
De quem sou um brinquedo
Jogado ao canto.

A ti
Cujo nome ouve o anoitecer
Nos meus sussurros ao ventos
Por quem sonho, de quem espero mercê
Mas só recebo momentos
De solidão.

A ti
Que me esqueces, t’escondes, desapareces
E me entregas ao vale da escuridão;
Por quem faço minhas preces
Meus votos, e cada ardente oração;

A ti – somente a ti - dedico esses versos.

sexta-feira, abril 07, 2006

Impossível


Ah! Eu queria ser como o vento
Que passa, corre pelo espaço imenso
E ninguém consegue deter!
Queria ser como a tempestade
E enegrecer o céu todas as tardes
Pra que você sentisse falta do sol.

E quando negro se tornasse seu arrebol,
Queria ser a enfeitar seu céu a luz escarlate,
Depois as estrelas pra não lhe deixar só
E do espaço distante poder lhe observar

sempre, velar por você a cada instante
Cobrir seu universo com um lençol rutilante
E ter seus olhos a me contemplar.

Mas ai de mim que não sou vento,
Não sou estrela, não sou luz!
Só tenho o malvado tempo que reduz
Minha vida, minhas lágrimas e alegrias
A um monte de escombros e pó.

Ah! Se eu fosse o vento
Correria ao seu encontro agora
Abraçaria seu corpo e carinhosa
Seria cada palavra em seus ouvidos,
Suave seria cada toque em seu rosto,
Assim acabaria a tristeza e o desgosto
Que me enchem o ser.

Ah! Se eu fosse o vento!


terça-feira, abril 04, 2006

Ave Errante

Vivo de vento
- com a cabeça no ar
Vivo de vento
- Não tenho pousar.

Sou dente-de-leão,
Sou ave errante,
Procuro um coração
Que está sempre distante.

Se acho copas - se desfolham;
Se encontro ninhos - se desfazem;
As chuvas que me molham
São labaredas que me ardem.

Sou ave errante - não tenho paragens
Vivo de vento – forte ou suave
Errante, sempre errante,

Na solidão dos ares.

domingo, abril 02, 2006

Um nome

Há um nome em meu coração
Um nome, meu Deus,
Queimando a minha alma –
Um nome que me angustia e acalma,
Que me sobe ao peito como uma oração.

Nos dias em que me entristeço,
Nas noites em que me foge o sono,
Nas horas que levam os ventos
E os meus dedos repassam o terço

Nesses sacros momentos
De sagrada meditação,
Quando eu, envolto em devota ilusão,
Me perco nas letras que o formam,
Vem-me ao peito esse nome
Que de tão puro
Meus lábios temem profanar.

Então tremente apenas sussurro
Como quem clama das trevas pela luz,
Como o beato desfeito perante o altar
Dos seus santos, seus anjos, seus êxtases, seus suspiros por Jesus.

Flamejantes, brilhantes como mil velas
Sonoros, sublimes, devotos como quem vela
O sono tranqüilo dum infante
Esses suspiros acalmam minh’alma errante
Pois sussurram um nome,

Um nome, meu Deus, qu’eu não posso revelar.

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