quinta-feira, janeiro 12, 2006

A SACADA


Na sacada escura de um casebre
A alva moça se quedava triste
Trazendo ao colo murchas flores
De um amor que à brisa leve
Sem dizer adeus partiu.

Foi-se ele a flutuar no rio
Sobre uma canoa a tremer de frio
Como um animalzinho sem seu rebanho
A vagar ao léu e assustado

Sem da lua alheia ter a luz
Nem da lamparina o fogo tênue
A consolar-lhe o coração
Com’um ardente bálsamo

Na negrura torpe de tão torpe pântano
Entre árvores lúgubres e ervas mortas
Sumiu-se o noivo a olhar a sacada triste
Onde vira seu último amor.

À partir de então, naquele casebre
De sofreguidão e lágrimas
A triste moça, de ebúrnea pele
Sentou-se silenciosa e pálida
E lá ficou trazendo ao coloAs murchas flores de seu grande amor.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

(e)tern(a)idade

Ah, morrer! Mas logo agora quando a vida se descortina ante os olhos extasiados da juventude? Quando a seiva da força, da beleza, do amor se derrama por sobre os negros cabelos e a alva face? Não! Se das plagas antigas pudessem os heróis retornar, se do Penedo Prometeu fosse arrancado, libertado das correntes, era a vida que dariam aos homens.
A caixa de Pandora foi a tempo selada para que dela não fugisse a esperança; Na hora fatal, um vento vindo do Altíssimo abriu o mar em duas paredes distintas fazendo sucumbir sob suas águas impiedosas as bigas e os cavalos do faraó; para escapar ao malévolo rei, asas apareceram nas costas do filho de Dédalos para que ele voasse e às estrelas s’erguesse.
Morrer! NÃO! agora que as músicas e as danças percorrem os dias, em que a terna idade e a eternidade se confundem; quando as criptonitas são dissolvidas e nos tornamos os super-homens além da vida e dos gestos e das coisas que nos cercam. NÃO poeta! Agora é a hora de viver, de descobrir no céu a imensidão infinita que nos não pode conter; é hora de tremer de amor e sorrir de alegria insana; de ver na noite que cai e não as sombras e a escuridão, mas as estrelas que rutilantes acendem os céus, a lua que se derrama sobre os mares em luz de Jaci.
É hora de parar e escutar o som dos pássaros e a calma das ondas quebrando contra as pedras. Quando a noite cai, é a hora não de morrer, de dar o último suspiro, mas de escutar o doce som das batidas leve do coração, que pulsa em vida, que chama a vida, que arde de amor.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

a um poeta

Um brinde, um brinde aos que sonham!
mas não o tenhamos em taça de crânio humano, dele não restará nem o pó! um brinde, seja um brinde feito de coração, de veias, de artérias e de sangue escorrente!

Cujo sabor nos vicie, nos delicie nos poetize, nos embriague.
Desse vinho bebamos, nos encharquemos, andemos como ébrios a gritar nas ruas!

Andem, venham, brindemos!
deixai escorrer pela boca a vermelhidão luxuriante do amor.
Cantemos!
Tragais em cordas as suaves melodias da ternura, inundemos o ar de salmos.
Dancemos!
façamos da vida um grande palco onde os atores não sejamos nós apenas, mas nós mesmos e todos envolvidos, vestidos, cobertos de sentimentos.

Venhamos, façamos um brinde à vida!

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